Em abril, a equipe da Cinema Urbana fez um chamamento para inscrições de filmes para a edição 2020 do festival, realizado desde 2018 em Brasília. Mas, por conta da pandemia do novo coronavírus e também devido ao tratamento que vem sendo dispensado pelo governo federal à política cultural, especialmente na questão de incentivos e repasses de recursos, o evento não pôde ser concretizado. Mesmo assim, a equipe aproveita para anunciar os 13 filmes da mostra competitiva, entre longas e curtas selecionados para a próxima edição que, por conta de todo esse cenário e dificuldades, deve acontecer em 2021.

A seleção teve como guia o tema "Aprendendo com Brasília" – emprestado do título do livro "Aprendendo com Las Vegas" de Venturi Scott Brown e Izenour –, pois o objetivo da Cinema Urbana foi homenagear os 60 anos da Capital, que, construída num cenário inóspito, desabitado, longe dos grandes centros do país, transformou-se numa cidade possível e que continua a inspirar a relação com a utopia, com o futurismo e com a modernidade, além de produzir e transformar as maneiras de habitar e experimentar de uma urbe. 

Os filmes escolhidos pelas curadoras vão além de Brasília, orbitam em seu redor e a contextualizam. A simplicidade de Marcos Konder Netto, um dos maiores arquitetos do Movimento Moderno brasileiro; os pequenos segredos de Maputo, cidade africana que nasceu de um sonho modernista; os movimentos sociais que defendem o direito de habitar a cidade de Lisboa, num momento de instensificação das lutas pelo espaço urbano; a luta dos aldeões para salvar Guanzhou, ilha fluvial chinesa, das mãos da ganância imobiliária; e o papel do Movimento Pegida, que toda segunda-feira à noite ocupa as ruas de Dresden (Alemanha), cidade aprisionada por um passado destrutivo que não a abandona, são alguns dos temas presentes nos cinco longas selecionados para a mostra competitiva.

Enquanto planeja o festival previsto para acontecer em 2021, Cinema Urbana vai tocando inúmeras atividades que discutem e refletem sobre as questões ligadas ao cinema e à urbanidade. Entre essas atividades estão a construção de uma Rede Interamericana de Festivais de Cinema, Cidades e Arquitetura (RIFCA), que reúne festivais do Brasil, Argentina, Chile, Equador, México e Nicarágua; um projeto para constituição de um acervo audiovisual sobre arquitetura e urbanismo, em parceria com a Diretoria de Difusão Cultural do Decanato de Extensão da Universidade de Brasília, que ficará disponível de forma on-line pela plataforma Tainacan; e a criação de um grupo de pesquisa que vai atuar em parceria com o projeto de extensão Acesso Livre, do Instituto de Letras da UnB, na busca da acessibilidade para peças audiovisuais.

A seguir, a relação dos filmes selecionados pela Cinema Urbana, em 2020:

CURTA-METRAGEM
1. Cidades (Territórios & Ocupações), Gusztáv Hámos, Katja Pratschke, 29`,
2019, Alemanha
2. Paralelos em Série, Max Hattler, 09`, 2019, Hong Kong
3. Para trás, Marco Augelli,10`, 2020, Reino Unido.
4. Cão Maior, Filipe Alves, 20`, 2019, Brasil
5. Luis Humberto: O Olhar Possível, Mariana Costa e Rafael Lobo, 20`, 2019,
Brasil
6. O ínterim, Duda Affonso, Júlia Nogueira, Manuela Curtiss, 10`, 2020, Brasil
7. A Menina de Sessenta, Jimi Figueiredo, 26`, 2020, Brasil
8. Cidade: Museu Habitado, Jéssica Dias Gomes, Letícia Pacheco Reis de Souza,
Tainá Lourenço de Abreu, 06`, 2019, Brasil

 
LONGA-METRAGEM
1. Konder: O Protagonismo da Simplicidade, Gabriel Mellin, 01`28``, 2020, Brasil
2. Brisa Solar, Ana Pissara e José Nascimento, 01`16``, 2020, Portugal
3. O que vai acontecer aqui?, Left Hand Rotation Collective, 01`23``, 2019,
Portugal
4. Uma Nova Era, Boris Svartzman, 01`11``, 2019, China
5. Para onde ir na história?,Hans Christian Post, 2019, Dinamarca